Olá. Meu nome é Fernanda Mello, sou jornalista e apaixonada por dança, ou seria uma apaixonada por dança que virou jornalista? Enfim, vou escrever de hoje a domingo, durante a Bienal Sesc de Dança, sobre os espetáculos que assistir.
Começo dizendo que hoje a abertura da quinta edição da Bienal Sesc de Dança não poderia ter sido melhor. A Quik Companhia de Dança, de Minas Gerais, que se apresentou na Praça Mauá, na hora do almoço, ratificou que a dança contemporânea e suas companhias acertam quando vão aonde o povo está.
O público gostou e reagiu à coreografia Rua e às performances de Rodrigo Quik, Letícia Carneiro, Sandra Santos e Gilberto de Assis. Não para menos. O quarteto mostrou o vigor do bailarino contemporâneo, que, muitas vezes mais parece ao de um atleta, inclusive em alguns movimentos, e todas as possibilidades de criação da dança feita hoje.
A proposta de Rua, que mostra o cotidiano urbano, casou perfeitamente com o espaço em que foi apresentada, uma praça no Centro, na hora do almoço. E o público deu resposta à proximidade do tema com o seu dia-a-dia: no momento em que Rodrigo e Letícia dançam sobre um tapete representando a situação de violência contra a mulher, alguém da platéia quis bater no bailarino. Rodrigo contou isso no final do espetáculo.
Para mim, o melhor de muitos bons momentos foi o que o mesmo casal dança com os pés em bacias vazias de plástico.
No segundo espetáculo do dia, Espera, da K. Cia de Dança Contemporânea, do Ceará, a interação com o público foi ainda maior na performance de Karin Giglio, na porta da Bolsa Oficial do Café, ainda no Centro. A bailarina e o que chama de suas células de movimento prenderam a atenção do público engravatado que vai tomar café naquele, que é um dos edifícios mais belos da Cidade.
Karin foi além, usou os sapatos da platéia e colocou algumas pessoas para dançar.
A experiência em teatro fez sua performance ainda mais convincente e divertida! Com movimentos, expressões e improvisações, Karin lembrou a que ponto um ser humano chega quando tem que esperar demais.
Na terceira apresentação do dia, os bailarinos cariocas da Focus Cia. de Dança tiveram um desafio na Praça Mauá.
Um homem de rua se empolgou com a coreografia Outro Lugar, e chegou a interferir no espetáculo.
Os bailarinos tiraram de letra, uma vez que Outro Lugar foi criada para isso mesmo, espaços públicos, onde tudo pode acontecer.
Se a praça expõe o grupo a diversas situações, ela também dá o espaço necessário para o que Alex Neoral, da Focus Cia, chama de espaço tridimensional. "Podemos fazer os movimentos para qualquer direção".
Para a bailarina Clarice Silva, lidar com o inesperado, o homem de rua, foi um exercício. Para mim, foi uma prova de que a dança contemporânea deve seguir ousando e buscando público onde quer que ele esteja, ou quem quer que seja.
Fernanda Mello
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