O que mais tenho reparado nesses dois primeiros dias de Bienal é a quantidade de nus artísticos.
Sendo assim, resolvi levantar a questão: quando a nudez é realmente necessária e quando ela pode ser justificada?
Na minha opinião, o uso desse artifício se encaixa em situações distintas. Uma delas é quando se retrata o corpo em sua forma escultural, quando se remete à pureza de nossa origem humana, época em que éramos isentos de qualquer vestimenta.
Outra situação é quando usamos o apelo sexual, mostrando o erotismo de nossa forma física como objeto de provocação.
Talvez eu seja conservadora demais, talvez tenha eu mesma que me despir dos pré-conceitos, mas a verdade é que em poucas situações consigo justificar a nudez dentro da dança contemporânea.
Pra mim, quem a empregou muito bem foi Ricardo Marinelli, na obra “Eu tenho autorização da polícia para ficar pelado aqui”.
A idéia é sensacional! Tranqüilamente sentado em sua instalação, Ricardo não impõe, faz a vontade do público e deixa para ele a decisão de querer vê-lo nu, ou não...
Duas plaquinhas indicam pratos destinados a contribuições monetárias: quem escolher o prato da esquerda, ganha uma dança em troca do dinheiro. Já quem contribuir no prato da direita, pode assistir a uma troca completa do figurino do artista.
O interessante é que pra ele, o fato de estar despido não significa estar nu, não requer intimidade, nem altera sua identidade, é simplesmente um estado de espírito. Com ou sem roupa, fica aqui a minha sugestão: quem opta pela dança tem o prazer de ver seqüências de movimentos ágeis, alegres e despretensiosos do sorridente bailarino. Pura diversão!
Patricia Andrik
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