sexta-feira, 16 de novembro de 2007

15 de novembro

Bem, neste momento, estou no Sesc mais precisamente escrevendo do espaço da Internet Livre, onde daqui a pouco o grupo Aburussu, do Paraná, está preparando o espaço para apresentar Brucutu, uma brecha no tráfico do medo. Depois de ter acabado de ver na área de convivência, Entre, da Cia. Domínio Público, de Campinas, um duo com Leandro Rivieri e Nina Giovelli, que descontrói e questiona a relação de movimentos entre homens e mulheres, e a Cia. Linhas Aéreas, de São Paulo, com sua dança nas alturas, no chão, no colchão, no sofá, no balde, na cadeira; e, ainda depois de ter passado pelo painel O Lugar da Dança, me pergunto o que é a dança contemporânea, quem é o bailarino de hoje, o que ele quer comunicar?
Ao mesmo tempo, tenho alguns indícios de respostas que vêm do que vi e ouvi agora pouco: Dani Lima, jornalista e criadora do Rio de Janeiro, me ajuda a concluir (pelo menos por enquanto) que a dança está em todos os lugares ao dizer que "ela está nos corpos em movimento que aparecem nos comerciais de televisão".
O conceito de dança está cada vez mais ampliado, e a quinta edição da Bienal Sesc de Dança está neste tom. O que o público não habituado à dança está vendo nesta tarde
é onde ela pode chegar, em uma sala cheia de computadores, e o quão possível é gostar de dança.
Sem saber e sem sentir, o próprio público dança ao se movimentar. Todos são corpos em movimento. Aí voltam às perguntas na minha cabeça: "Quem é o bailarino, quem é o público, quem é o coreógrafo?".

Diferente de tudo. Acho que posso resumir assim a performance No Man´s Gone Now, do queniano Opyo Okch, na tarde de hoje, no Sesc. Ele mostrou que seu país de origem tem mais que bons corredores, tem também ótimos bailarinos.
Opyo prendeu o público específico e geral com uma coreografia que mistura a dança tradicional da África, com movimentos livres que permitem que o corpo flua e vibre com a energia do momento.
Por incrível que pareça, Opyo improvisou. Ele explica isso dizendo que usa a técnica instant composition, composição do momento.
Mesmo improvisando, tem um coreógrafo, o britânico Julian Hemilton, que o ajuda a compor alguma estrutura de movimento, com a escolha da música e da iluminação, o resto, ou melhor, quase que o todo é o aqui e o agora de Opyo, do lugar e do público.
Saber disso tornou a apresentação dele ainda mais fantástica.

Fernanda Mello

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