domingo, 18 de novembro de 2007

Bienal de Dança?


Uma das definições de Arte, segundo o Aurélio, diz assim: “capacidade que tem o homem de, dominando a matéria, pôr em prática uma idéia”. Já dança, significa: "seqüência de movimentos corporais executados de maneira ritmada, em geral ao som de música".

Nessa reta final, resolvi levantar outra questão: até onde chega o conceito de dança contemporânea? Será que com tantas novas experimentações a Bienal não está se transformando em uma Bienal de Arte?

Assistindo os mais variados espetáculos e intervenções acabei concordando com minha colega de blog, Fernanda Mello: também achei que em muitas situações a dança foi esquecida, simplesmente deixada de lado.

Um exemplo disso é “Para todas as Marias”, na qual a bailarina Cristiane Oliveira passa mais de uma hora em meio à flores e frutas para valorizar a percepção sensorial e a sexualidade feminina. Um trabalho estudado, esteticamente bonito, mas que mais se assemelha à uma performance.

Assim como o vento é o ar em movimento, pra mim, dança também é um corpo em movimento e pensar nesses aspectos talvez seja uma boa sugestão para a próxima edição do evento.

Manual de Instruções

É interessante ver como cada grupo usa a temática proposta pela Bienal, "memória que se inscreve". Em "Manual de Instruções", a companhia de Dani Lima comenta diversas impressões passadas pelo elenco. Com a platéia acesa durante todo o espetáculo, o público é convidado a interagir nas propostas e memórias do grupo.
Simpáticos e cativantes, os bailarinos mostram seus talentos e experiências. O momento em que André Masseno conta a "história da bacia" * é impagável e facilmente se tornou o meu preferido. Destaque também para os trechos em que as bailarinas ensinam a dançar samba e vestir uma camiseta.
Na mesma noite, a baiana Verônica de Morais apresentou "Bom de Quebrar", uma série de movimentos rápidos com situações de quebra e fragmentação. Em seu figurino de papel, a bailarina vai além dos limites do corpo e chega a impressionar. Incrivelmente, apesar de todas as circunstâncias apontarem o contrário, Verônica não segue o título do trabalho e, felizmente, sai ilesa da coreografia.

* trecho do espetáculo em que o bailarino demonstra como descobriu a citada parte do corpo, cultuada por nomes como James Brown, Gretchen e o próprio André Masseno.

Patricia Andrik
Jornalista e comentarista do blog da Bienal Sesc de Dança






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