domingo, 18 de novembro de 2007

Vamos celebrar!

O homem moderno tem uma coisa engraçada: anda muito preocupado em preservar a história... monumentos, construções, tumbas faraônicas, restos de animais e civilizações que não existem mais.

Enquanto isso, esquecemos de conservar coisas antigas que estão muito mais próximas de nós: nossos valores, ensinamentos, aquilo que não foi simplesmente plantado em nossa cabeça, mas foi nos ensinado por alguém.

Às vezes é preciso assistir um espetáculo como o do Atelier de Bailarinos Santistas para repararmos na beleza impressa nas rugas deixadas pelo tempo. Em “Para Weidt – o Velho”, o grupo santista presta uma homenagem ao coreógrafo alemão Jean Weidt, um precursor do enfoque da dança como ação social. A coreografia é uma releitura brasileira da obra de 1929, que mostrava que os velhos, no conjunto da sociedade fisiculturista incentivada pelo movimento nazista da época, eram apenas ferro-velho.

A escolha do local da apresentação não poderia ser mais perfeita. Assim como os velhos citados, o fosso do teatro às vezes também passa despercebido, mas serviu para abrigar cerca de 100 pessoas que formaram a platéia.

Os jovens bailarinos interpretando idosos emocionam. Atuando ao lado deles, o grupo constituído por pessoas da chamada 3ª idade, também emociona e nos faz repensar nossa existência e aquilo que seremos se chegarmos à idade deles.

Assistir “Para Weidt – o Velho” me fez refletir e querer celebrar...

Então vamos celebrar o bom gosto, a beleza dos movimentos, as trilhas bem escolhidas... Vamos celebrar nossos pais, nossos avós, nossos bisavós, porque eles são nossa origem, aquilo que somos e o que vamos ser.

Contemplemos o velho para apreciar o novo e talvez assim, finalmente possamos entender que o que é bom, não tem idade.


Patricia Andrik
Jornalista e comentarista do blog da Bienal Sesc de Dança



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